Cada crime uma marca, uma história de lágrima: as vivências de estigmatização em adolescentes em conflito com a lei.

Abstract

A adolescência é vista como uma crise da vida em que ocorrem diversas mudanças tanto físicas quanto emocionais. Na procura pela identidade, o adolescente esbarra em diversas situações que podem ajudá-lo ou não na descoberta de si, bem como no sentimento de pertencimento a um grupo e à sociedade. Nesse percurso, os adolescentes se confrontam com situações que os estigmatizam e, por vezes, colaboram para a perpetuação de processos estigmatizantes. O estigma pode ser entendido como um fenômeno social que, posto em uma linguagem de relações e interpretado por ela, pode ser de cunho depreciativo, destruindo a possibilidade de atenção a outros atributos do sujeito estigmatizado. Consequentemente, a descoberta de um estigma poderá prejudicar a atual situação social do sujeito, assim como suas relações passadas e futuras. Nesse âmbito, o objetivo do presente estudo foi o de conhecer as vivências de estigmatização de adolescentes em conflito com a lei em cumprindo da Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida. Assim, pretendemos compreender as experiências vividas por esses adolescentes, no que tange às vivências de estigmatização. Utilizou-se o método do grupo focal como estratégia de investigação e os dados foram analisados segundo Bardin (2009). Notou-se a presença de estigmatização em diferentes redes sociais dos adolescentes e também como essa posição estigmatizante não dá subsídios para inserção no mercado de trabalho e, consequentemente, os mantém vinculados a atos transgressivos. Acreditamos que estudos nessa perspectiva podem contribuir para a compreensão das repercussões identitárias provocadas pelo discurso estigmatizante.